sábado, 12 de julho de 2008

Invasão de domicílio, de privacidade e profissional...

Até onde vai a ganância dos comerciantes pela venda de suas mercadorias? Acho que vai até o infinito. Algumas lojas perderam a noção dos limites em relação a respeitar a vontade e a privacidade do consumidor.

Recentemente presenciei uma situação muito desagradável. Um amigo meu me ligou contando que precisava de uma sofá para a sua sala de televisão. Queria algo simples, porém muito confortável, que pudesse esticar pernas, reclinar e apoiar a cabeça em encosto alto. Foi a uma loja de móveis, propriedade de um conhecido dele. Olhou tudo e se interessou por um determinado sofá de couro preto, com encosto alto, com espumas macias. A peça estava com bom preço, já que não possuía as linhas tão horizontais, em voga ultimamente.

A vendedora, muito solícita, ofereceu para levar a peça escolhida até a casa do meu amigo, sem nenhum custo adicional. Era uma gentileza, segundo ela, para que o possível cliente pudesse ver o sofá "in loco". A proposta foi aceita, já que não haveria ônus nem obrigação de comprar.

No final da tarde, meu amigo me liga em pânico, pedindo ajuda, sem saber o que fazer, pois quando chegou em casa deparou-se com o "showroom" da loja inteirinho depositado na sua sala de televisão. E para piorar, a gentil vendedora não havia colocado o sofá por ele escolhido. Havia de tudo um pouco. Além de um outro sofá, imenso e desconfortável, que mais se assemelhava a um porta-aviões naufragado e encalhado, a gulosa vendedora enviou uma enorme e caríssima mesa de jantar com oito cadeiras, vasos, tapetes e outros quetais. Não se conseguia caminhar na sala.

Fiquei aborrecida com aquela invasão de privacidade e com o desrespeito ao cliente. Fomos até a loja e lá apresentei-me à vendedora esperta, como a arquiteta responsável pelos projetos da casa do meu amigo. Evitei aquele desagradável e ridículo: "Sabe com quem está falando?" Mas bem que a vendedora merecia.

Perguntei se ela era arquiteta. Muito sem graça, ela respondeu negativamente. Depois perguntei se ela não tinha o costume de se informar se o cliente tinha a assessoria de um arquiteto. Disse que sim e deu a entender que o proprietário da loja era o autor da façanha de enfiar tantas quinquilharias em tão pouco espaço e acreditar que alguém iria conseguir caminhar na sala.

Meu amigo pouco falava, torcendo para que o seu filme de terror acabasse logo e com final feliz. Pedi à vendedora que retirasse todo o showroom da casa do meu amigo. Assim foi feito.

Da próxima vez que isso acontecer com alguém, sugiro que se faça uma festa de arromba, regada com muito cachorro quente e maionese.



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